Monday, August 29, 2011

...leviandade




...as palavras ávidas da cor da parede retocada de fluxos de intempéries desconcertadas na hora do adeus
blasts em mecanismos impuros de improvisos em ganhos de fúrias desmedidas
contidas no desprazer das memórias calcadas em sangue na pele como tatuagens invisiveis ao toque

retocas a imagem no espelho imerso nas águas imundas da glória que julgas ser
ter
quedas mais um beijo e escolhes a escória da fuga em olhares de sílabas soltas no ar rarefeito que nos emerge em teias de desamor
rusgas trepidantes nos caminhos espezinhados por onde passas calcando a memória da flor murcha que cultivaste qual erva daninha no lodo em volúptias de alucinações a preto e branco
cinza
as cinzas no rubor da pele
ofertas de harmonias de fel
ricos são os frutos caídos na roleta da sorte
e perdes
perdeste
perdeste-te mais um dia sem noite que apague o dito e o não dito
luas em eclipses de polaínas polidas na consorte do rei
que os bobos sabem já que voltei
rusgas em fugas de mel adoçicado no sal dos dias
em dias refeitos nas horas da morte

contas as pedras na mão à sorte
jogamos
jogámos
porta fora no palco de cortinas de veludo negro
mantos rogosos de espinhos na caldeira abandonada nas linhas que escreveste em nuvens de fumo
S.O.S.
e em sopros fez-se tarde
a demora

...as palavras ávidas da cor da parede retocada de fluxos de intempéries desconcertadas na hora do adeus

Wednesday, August 24, 2011

...stand(by)




be dark be smooth

...as tonturas da visão turva no fervilhar dos pensamentos em ti
envolvem a dor do temor de saber sem saber a lágrima da razão caída como corpo morto
relegado na elevação da esfínge caduca em teu peito
de enfeites se fez a recepção do adeus
assim
como sorrisos automáticos de on off
standby

be dark be smooth

...mostra o caminho nas linhas dos trilhos de comboios que partem
se partem em fugas apressadas de cumprimentos disparados como balas
rasga o que leste naquele muro onde nos deleitamos e rasurámos a data
mortas estão as palavras
e os suspiros
e os tectos de céu sobre nós
e a voz muda em gritos que te cercam
me encerram

be light be strong

...brincam as roucas ilusões de olhares em esperança
como peças de lego sem encaixe nem cor
tingidas pela nossa crença na descrença do desamor
acarinhado pelo vento da mudança que te trespassou queimou
mudas estão as gotas loucas da vida em tentações de chocolate e afins que se desfazem na boca em ternas lembranças do retorno
repetições como esquizofrenias e psis qualquer-coisa em diagnósticos vorazes de frágeis mitos

...digo que tu dizes que eu digo sem dizer o que dizes
assim
como sorrisos automáticos de on off
standby.


Monday, August 15, 2011

...sem querer(te)

Photo taken from here

...quero-te sem querer
nas escassas memórias em que ter-te foi vão
indiscreto em lassidão
loucas imagens feridas a arder em papel pardo
onde embrulhámos os nossos sonhos enfezados pelo rumor desse amor que gritámos
de olhos cheios de lágrimas
na esperança de querer ter sem querer
esquecimentos fortuitos nas minhas mãos

...rogo as horas perversas imensas submersas no meu peito
enlaçes de tudo no nada rarefeito das nossas palavras
quero não querer
ter
em frágeis sentidos retoquei os traços que desfiz
diz
que a vida é apenas um caroussel
trôpego e a cair aos pedaços qual feira abandonada no monte em chamas da imaginação dos pobres
diz
que o certo seria ter-te por perto e rondar a rua agarrados aos candeiros a petróleo sem luz
diz
que as escolhas que fiz
faço
teimosamente repasso de mim para mim
são as nossas supostas falhas certas como quem passa por aqui ou por ali e sorri
e repito
não quero querer-te sem querer quando os segundos passam a horas e dias anos
desarmamentos em guerras roucas de plágios

...diz que te desfiz como boneco de trapos esquecido em cima da cama feita de lavado no quarto vazio da escória das futuras miragens de enleites de volúptia
porque
...quero-te sem querer
nas escassas memórias em que ter-te foi vão.

Tuesday, August 09, 2011

...inhale




...as palavras onde a morte vagueia
nas paredes de vidro da redoma de aço onde te cobriste pedante em fugas de fulgores vazios
vãos de escadas e o azedume da noite cravada no teu peito
enleites de desventura em ilusões enfastiadas de falsas esperanças
rogas agora por um momento teu
nosso de idas passadas em volúptia
impossíveis reviveres de incómodos desafios em frágeis gritos escondidos nas imagens que guardaste no baú das cinzas que foste
foste
num adeus sem demora na demora do tempo que escasseia
nas horas ousas ficar
como o relógio de corda que já parou nas décadas do inverno que se desfez em vapores submersos de escutas insuportáveis
vai
vai-te no desamor das palavras não ditas nos dizeres escritos da saudade que clamavas
vai
escrever mais um conto sem ponto nem história
o fim chega ao era uma vez...
em que três foram dois
ou dois um
e num frente a frente
mil faces pejadas de glória
desconhecidos vagabundos da escória nas linhas em frágeis sentidos

...as palavras onde a morte vagueia


Sunday, August 07, 2011

...step in




Black are the morning whispers
floating dots in my ears
gambling the day by nights
with sleepless rages inside routes without way out
run baby run
nearest the end we call it abyss
close the door and step in
close the door
we're in
the game and the shame
the nonsense words falling appart
silence is all we have
truth under will
faith blowing wings on a cloudy barking layer
fail
reborn
lay down
come
undone are the secrecy of the scars bleeding without an eye to care
or share

Black are the morning whispers
floating dots in my ears...
close the door...
and step in.