Thursday, March 22, 2012

...D(e)ar




És amor antes que possas sequer concebe-lo
ou pensar ou dizer uma sílaba sequer
na moldura resguardada no espaço ainda vazio na parede pintada em tons de azul céu sorris com o teu olhar da recém descoberta do que é a vida
e sem que possas entender estas palavras que te escrevo sonhamos juntos no correr dos dias na certeza do calor de te ter nos meus braços
enlaces de ternura
póstumas aventuras e gargalhadas em ecos reflectidos na bruma que nos cerca
certos dos momentos que partilhamos desde o primeiro segundo
o bater do teu coração dentro de mim
assim como quem sonha e vive a memória
assim como quem sabe que tem sem ter
contos e pespontos contornados nas histórias de quando ainda davas os primeiros passos
um olhar sem olhar
filmes tatuados no papel das linhas que escrevemos
a dois
a três
idealismos feitos sensação
a sentir ao toque notas em bequadros a embalarem-nos os corpos
condições derradeiras da juventude imortal

És amor antes que pudesses sequer concebe-lo
hoje
estas palavras são a carta que um dia
um dia quis que lesses
assim como quem acorda e afugenta a preguiça
assim como quem diz: amo-te antes de saberes que o amor é tudo o que existe
a mover-se por entre as estradas do pensamento a querer ser maior que os homens que desmentem
em tentativas de faces mascaradas a sorrir na contra-luz
tu és a minha luz
em abraços de palavras ditas no silêncio das noites
insónias
de dia
e a saber que chegou ao destino sem cadeados que a cerquem ou censuras a castrarem os sonhos
És amor antes que possas sequer concebe-lo
a sentir ao toque notas em bequadros a embalarem-nos os corpos
condições derradeiras da juventude imortal.

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