Monday, April 30, 2012

...(ras)Cunhos de Intimidade


 
...podia acabar o mundo
assim num segundo em silêncio
como quem reflecte o amor tendencioso
a honrar as brumas da memória esculpidas nas cinzas da tua história
...podia acabar o mundo
assim nos teus braços de sorrisos a encobrirem tristezas
tréguas da vida a cederem momentos nas telas de negro que vestes
a serem mantos invisíveis ao tacto
escondidos nas esquinas a praguejarem revoltas concedidas

...podia acabar o mundo
assim num segundo em silêncio
no silêncio
assim
nos teus braços a sorrir telas de negro escarlate paixão
a morrerem-se-me as palavras no peito
trapo estraçalhado rasgado ao vento do pecado
frágeis vozes roucas em vertigens
na vertigem de ti...
...podia acabar o mundo
em palavras que se bastam a si mesmas sem se bastarem
vogais a gemerem por consoantes a errar o traço
enlace rasurado de ti
feito cume de louvores a quererem ser

a serem
...frágeis vozes roucas na vertigem de nós.



Sunday, April 22, 2012

...face(s) it



...you were fighting for the truth
crawling the waters inside
meeting strangers in the night
clouds of your lie

...deny
deny it
can't deny
trapped the wisdom
the freedom of self
heart made of floppy seasons aside
beside a way there's a way
fears in the ashtray
your smoking dreams
your smoking kings
wearing fancy suits crashing down the weaks
freaks of nature alive

...you were
you are
freedom lying at the door
open
you were
you'll be
cloudy dreams escaping fee
million names
shames like trophies
million candlelight records on the wall
begging a hand
to take them all...


Tuesday, April 17, 2012

...(no) ONE cares



...mas porque haveriam de se importar
olhar
sentir perceber que a vida está para além do que vemos
saber
entender que a chuva é uma mera ascensão da fuga cá dentro a percorrer os discárnios que desmente

...mas porque se haveriam de importar
com o estar sem estar
a querer dormir para ficar
rasgos de fúrias contidas
sem saber que o tempo é relativo e não pára nos vermelhos dos semáforos
e dos teus olhos a pedirem
laivos de ternura
verdades abraçadas na tormenta dos dias
em zig zags constantes a quedarem-se nos passos pequeninos e vagarosos
teimosas ilusões
gritos que gemem de dores incontornáveis
do ser
são cores senhor
dizem os tolos em joguetes de crianças descomprometidas
viajantes do hoje na imortalidade dos esquecimentos
são cores
desamores como desilusões em tentativas maiores
batalhas esquecidas nos preambulos da demora injustiçada
inocências
dizem em cartazes de flagelos em lutas despropositadas
nas esquinas contorcem-se as memórias
e os sonhos
realidades contraditórias
camufladas na chuva do vazio
dos teus olhos
cheios
em laivos de prepotência
tão cheios
de desventuras
agruras azedas de chocolates fora do prazo
acenos de juventudes errantes a serem
tentativas de louvor

...mas porque
porque te importas
com os sorrisos as cores os desfavores as lutas em escutas desencantadas
sabes
num olhar de relance
assim como as perdas que se encontram aos saltos desnudados nas palmas da tua mão
sabes
encantos que não são
fugas por encontrar
lânguidas mensagens de senão
adeus
talvez amanhã
serás
assim como olhos que vêem
sabes
eu importo-me...


Wednesday, April 11, 2012

...intimacy - take one


...pérfidas ascensões momentâneas
a quererem ser maiores que os sonhos
a serem
caídos aos pedaços nos vãos de escada
que percorreste a correr
dois em dois
saltos desencontrados
encontros a dois
a quererem ser maiores que as escolhas
a vida a palpitar
imposições em juros de mora
lá fora caem em ti trovões em chamas
a arderem cá dentro
assim como assim
mais ou menos
nem dois em dois
um
calmamente a rastejar
encontros a dois
a lançarem-se ao mar
naúfragos diletantes
tentações a vaguear
castram-te o tempo
a força o amor a razão

...em pérfidas ascensões momentâneas
a quererem ser...