Monday, December 31, 2012

...condição




As horas trocaram as voltas aos minutos tombados na urna encalhada como naufrago à deriva

...queimam os segundos a tocar o dia na noite
noites em dias relatados na ilusão
confundi
confundi-me nas letras espelhadas do meu reflexo
a desvanecerem encantos
números de magia a iludir sentidos
perdi
perdi-me nos recantos de mim
deitada nos escombros do era tinha do haver ser
enlouquecer em falácias daquela que corre pára encanta
empurra enlaça desfaz dizeres
de ecos a sondarem áridas órbitas descoordenadas nas coordenadas de ti

...vida vilã
da fuga do assombrado encalce
encruzilhada a tropeçar no lodo
roxo do frio
cansaço
de ficar aqui
mais um dia.

Tuesday, December 18, 2012

...mu(n)dos



Calculas o tempo sem espaço em minguantes de aurora
onde me refaço
dos escassos segundos de segredo
contendas milénios cruzados
estradas de pedra baloiçam encantos
foram recantos...
luares cadentes de desejos.

...quiseste ser mundos a conquistar sonhos
à mão apanhados na demora
noites de candeias iluminam sorrisos
apagados nos dias
rasgados ao vento
lançados ao mar como palavras escondidas
cinzas no pó ao pó de corpos
em sombras a colherem vitórias
cercadas de ti em ti
nós desfeitos tímidos amparos

Calculas o espaço sem tempo
corres nos segundos esbatidos a temerem becos solitários de ninguém
vagueiam memórias
lugrubes histórias
de telas brancas esquecidas a serem
soldados da glória
a resgatar recados de bandeiras hasteadas
na vitória dos teus passos.

Tuesday, December 04, 2012

...ternura

(Autoria de Inês Guerreiro e Fernando Chainço)
 
 
 
...perder assim o tempo a sussurar silêncios nos risos da infância
a sentir
a ver o céu no céu
a ser essa distância dupla
palavras nossas em conjunção de olhares de vários longes
longes a fazerem-se perto na distância que nos cerca a razão
 
...o longe é a nossa mais profunda razão o nosso corpo comum
e o olhar em toques de ternura
olhar cinzel do mais apaixonado impossivel
aquele que raia a alvorada e o sol mais alto a ser traços de glórias tímidas a esconder sorrisos
rasgados
o que revolve a terra em jeitos de lágrima e traço
esta doce crueldade de te falar reflexo
 
...espelhos em tonturas de sonhos
espelhos
tontos porque não nos despem a alma
essa que grita nas profundezas da noite a clarear os dias
essa que grita a noite em doçuras de corpos deslavados ferem a vista
essa que nos gela com a sua luz na contraluz degelos frágeis...
 
...nos dedos por entre os mais dedos no demais de outros dedos como numa partitura
cantam encantos insondáveis a temerem o frio
a queimar notas à flor da pele na voz das flores
 
...canto o corpo que fui sem saber de um corpo
sou tempo que leva
leva a cor em estrondos nos tempos roucos da loucura...